domingo, 19 de abril de 2015

Acqua Benedicta



Chove.
Chuva bela, graciosa
Molhando a mística, encarnada rosa
Água abençoada
água que tudo lava
Sonham contigo os desertos
Beduínos, andantes dispersos
Como anseiam por ti!
Elefantes da Namíbia,
em quilométricas trilhas
têm na vida um caminhar
somente pra te provar,
num fiozinho de nada
brotando do chão perverso.
Em rios subterrâneos
Te escondes durante o estio
E com que doce alegria
Te veem chegar, nas monções

E eu, em longínquos rincões
Tenho-te em abundância.
Ter-te? Não me pertences
A mim és só emprestada
água tão abençoada
que eu vejo escorrer todo dia
Lavando-me a humana sujeira
Tão dócil a escorrer da torneira

A água desce, serena
na testa em febre da humana prole
O choro da Mãe abençoa
mesmo ao filho que a atraiçoa.
Chove.

Bíndi 







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